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Estudos de Género, Feministas e sobre as Mulheres: Conhecimento, Políticas Públicas e Justiça Social

 Os estudos de género, feministas e sobre as mulheres confrontam-se atualmente com novos desafios e a intensificação de antigos desafios que condicionam o seu futuro e o bloqueiam, mesmo, em alguns países. À crise financeira seguiu-se uma pandemia semelhante apenas a outra que ocorrera um século antes e, quando se julgava ter ultrapassado esta experiência disruptiva de modos de vida e quotidianos familiares, começou uma guerra na Europa que acentua as dificuldades económicas, banaliza a violência, provoca ondas de emigração forçada e acentua a conflitualidade nas relações internacionais. Esta sequência de acontecimentos foi acompanhada da emergência de lideranças autoritárias, do combate à ciência com a defesa de argumentos infundados, mas que suscitam a adesão de um grande número de pessoas, e do crescimento da influência de movimentos religiosos e políticos, como o populismo, que visam a subversão do estado de direito e dos regimes democráticos.

O debate e a controvérsia no espaço público tornaram-se mais polarizados, assumindo frequentemente um carácter de conflito aberto de intensos antagonismos, e é neste contexto que velhos desafios como o antifeminismo e os ataques aos estudos de género e à igualdade de género têm conduzido a recuos de direitos e à tentativa de eliminação dos estudos de género nas academias de alguns países. A recente decisão do Tribunal Supremo dos EUA em relação ao aborto é um exemplo extremo de recuo em relação a um direito reconhecido há 50 anos.

É certo que os ataques à igualdade de género e aos direitos LGBTQIA+, as manifestações claras de sexismo, homofobia, racismo, classismo e violência sexual encontraram forte resistência e contestação com movimentos que mobilizaram milhares e milhares de pessoas nas ruas, nos media e nas redes sociais em verdadeiros eventos globais. Esta contestação, embora envolva diversos setores da população, é muitas vezes dinamizada por jovens, como no caso mais recente e corajoso das jovens mulheres iranianas.

Também é certo que nos últimos anos se verificaram em muitos países conquistas importantes no plano dos direitos, como o direito ao aborto no caso da Argentina, ou o reconhecimento legal de direitos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o direito à autodeterminação de género em muitos países.

No entanto, apesar destes movimentos contraditórios, são mais poderosos e ameaçadores os avanços das forças autoritárias e de extrema-direita, que tomaram o poder nalguns países europeus, e que o tendo perdido nos EUA e no Brasil, persistem em mobilizações subterrâneas que corroem os valores democráticos, pregam a violência e põem em causa direitos básicos.

Estas mudanças na qualidade das democracias, nas lutas pelos direitos e pela melhoria das condições de vida das pessoas tornam os estudos de género, feministas e sobre as mulheres particularmente relevantes na sua intersecção com as desigualdades sociais, o racismo e o colonialismo, mesmo num quadro de debate polarizado.

O Centro Interdisciplinar de Estudos de Género convida assim investigadores e investigadoras de instituições nacionais e internacionais a contribuir para o melhor conhecimento das realidades que se estão a viver nos vários países no âmbito das questões da igualdade de género, mas também sobre os desafios atuais e as perspetivas futuras dos estudos de género, feministas e sobre as mulheres, através do debate e apresentação de resultados de investigação sobre as seguintes temáticas:

Género, feminismos e estudos sobre as mulheres

  • Debates epistemológicos, avanços, interseccionalidade e fragmentações: teorias feministas, queer, trans, e outras
  • Masculinidades e estudos críticos sobre homens
  • Feminismo negro e estudos pós-coloniais
  • Dimensões espaciais das violências e das lutas: da casa à cidade e ao território
  • Expressões culturais e artísticas
  • Violência de género e violência sexual: velhos problemas e novos desafios

 

Políticas, instituições e cidadania

  • Antifeminismo, movimentos religiosos e combate à ciência
  • Conflitos internacionais e impactos face às migrações, asilo, refúgio, tráfico e outros
  • Guerra na Europa e as suas implicações numa perspetiva de género
  • Políticas públicas, agendas feministas e pinkwashing
  • Autoritarismo, movimentos de extrema-direita e ataques à igualdade de género
  • Ciberfeminismo, redes sociais e polarização do espaço público
  • Media, comunicação, representação e imagem

 

Género e Condições de vida

  • Igualdade de género, pobreza e degradação das condições de vida
  • Efeitos da pandemia nas relações de género
  • Interseções: sexismo, racismo e desigualdades sociais
  • Saúde, idades da vida e envelhecimento

 

Género e sexualidades

  • Estudos LGBTQIA+
  • Identidades e expressões de género, e características sexuadas
  • Sexualidades e corporalidades: diversidade de sentidos e práticas
  • Trabalho sexual, prostituição

 

Informações para submissão:

As propostas de comunicação deverão conter até um máximo de 300 palavras. Cada pessoa poderá submeter um máximo de 2 resumos como primeiro/a autor/a.

Línguas aceites no Congresso: Português, Inglês e Castelhano.

 

Datas relevantes:

  • 15 de outubro de 2023 – Data limite para o envio das propostas de comunicação.
  • 15 de novembro de 2023 – Data limite para o envio das notificações de aceitação/ rejeição das propostas.
  • 11 de dezembro de 2023 – Data limite para inscrições com valor reduzido (early bird).
  • 31 de dezembro de 2023 – Data limite para inscrição de participantes com propostas aceites (participantes não inscritos/as nesta data não serão incluídos/as do programa do Congresso).

 

Valores de inscrição

Valores de inscrição

Early bird

(até 11 de dezembro de 2023)

Após dia 11 de dezembro de 2023

  Normal

250 €

300 €

  Estudante

90 €

140 €

  Países de baixos rendimentos e

  rendimentos médios-baixos

170 €

220 €

  Tarifa de 1 dia 100 € 100 €

 

Plataforma para submissão de propostas disponível aqui.