III Congresso Internacional do CIEG
31 de janeiro a 2 de fevereiro de 2024
Estudos de Género, Feministas e sobre as Mulheres: Conhecimento, Políticas Públicas e Justiça Social
Os estudos de género, feministas e sobre as mulheres confrontam-se atualmente com novos desafios e a intensificação de antigos desafios que condicionam o seu futuro e o bloqueiam, mesmo, em alguns países. À crise financeira seguiu-se uma pandemia semelhante apenas a outra que ocorrera um século antes e, quando se julgava ter ultrapassado esta experiência disruptiva de modos de vida e quotidianos familiares, começou uma guerra na Europa que acentua as dificuldades económicas, banaliza a violência, provoca ondas de emigração forçada e acentua a conflitualidade nas relações internacionais. Esta sequência de acontecimentos foi acompanhada da emergência de lideranças autoritárias, do combate à ciência com a defesa de argumentos infundados, mas que suscitam a adesão de um grande número de pessoas, e do crescimento da influência de movimentos religiosos e políticos, como o populismo, que visam a subversão do estado de direito e dos regimes democráticos.
O debate e a controvérsia no espaço público tornaram-se mais polarizados, assumindo frequentemente um carácter de conflito aberto de intensos antagonismos, e é neste contexto que velhos desafios como o antifeminismo e os ataques aos estudos de género e à igualdade de género têm conduzido a recuos de direitos e à tentativa de eliminação dos estudos de género nas academias de alguns países. A recente decisão do Tribunal Supremo dos EUA em relação ao aborto é um exemplo extremo de recuo em relação a um direito reconhecido há 50 anos.
É certo que os ataques à igualdade de género e aos direitos LGBTQIA+, as manifestações claras de sexismo, homofobia, racismo, classismo e violência sexual encontraram forte resistência e contestação com movimentos que mobilizaram milhares e milhares de pessoas nas ruas, nos media e nas redes sociais em verdadeiros eventos globais. Esta contestação, embora envolva diversos setores da população, é muitas vezes dinamizada por jovens, como no caso mais recente e corajoso das jovens mulheres iranianas.
Também é certo que nos últimos anos se verificaram em muitos países conquistas importantes no plano dos direitos, como o direito ao aborto no caso da Argentina, ou o reconhecimento legal de direitos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o direito à autodeterminação de género em muitos países.
No entanto, apesar destes movimentos contraditórios, são mais poderosos e ameaçadores os avanços das forças autoritárias e de extrema-direita, que tomaram o poder nalguns países europeus, e que o tendo perdido nos EUA e no Brasil, persistem em mobilizações subterrâneas que corroem os valores democráticos, pregam a violência e põem em causa direitos básicos.
Estas mudanças na qualidade das democracias, nas lutas pelos direitos e pela melhoria das condições de vida das pessoas tornam os estudos de género, feministas e sobre as mulheres particularmente relevantes na sua intersecção com as desigualdades sociais, o racismo e o colonialismo, mesmo num quadro de debate polarizado.
O Centro Interdisciplinar de Estudos de Género convida assim investigadores e investigadoras de instituições nacionais e internacionais a contribuir para o melhor conhecimento das realidades que se estão a viver nos vários países no âmbito das questões da igualdade de género, mas também sobre os desafios atuais e as perspetivas futuras dos estudos de género, feministas e sobre as mulheres, através do debate e apresentação de resultados de investigação sobre as seguintes temáticas:
Género, feminismos e estudos sobre as mulheres
- Debates epistemológicos, avanços, interseccionalidade e fragmentações: teorias feministas, queer, trans, e outras
- Masculinidades e estudos críticos sobre homens
- Feminismo negro e estudos pós-coloniais
- Dimensões espaciais das violências e das lutas: da casa à cidade e ao território
- Expressões culturais e artísticas
- Violência de género e violência sexual: velhos problemas e novos desafios
Políticas, instituições e cidadania
- Antifeminismo, movimentos religiosos e combate à ciência
- Conflitos internacionais e impactos face às migrações, asilo, refúgio, tráfico e outros
- Guerra na Europa e as suas implicações numa perspetiva de género
- Políticas públicas, agendas feministas e pinkwashing
- Autoritarismo, movimentos de extrema-direita e ataques à igualdade de género
- Ciberfeminismo, redes sociais e polarização do espaço público
- Media, comunicação, representação e imagem
Género e Condições de vida
- Igualdade de género, pobreza e degradação das condições de vida
- Efeitos da pandemia nas relações de género
- Interseções: sexismo, racismo e desigualdades sociais
- Saúde, idades da vida e envelhecimento
Género e sexualidades
- Estudos LGBTQIA+
- Identidades e expressões de género, e características sexuadas
- Sexualidades e corporalidades: diversidade de sentidos e práticas
- Trabalho sexual, prostituição
Informações para submissão:
As propostas de comunicação deverão conter até um máximo de 300 palavras. Cada pessoa poderá submeter um máximo de 2 resumos como primeiro/a autor/a.
Línguas aceites no Congresso: Português, Inglês e Castelhano.
Datas relevantes:
- 15 de outubro de 2023 – Data limite para o envio das propostas de comunicação.
- 15 de novembro de 2023 – Data limite para o envio das notificações de aceitação/ rejeição das propostas.
- 11 de dezembro de 2023 – Data limite para inscrições com valor reduzido (early bird).
- 31 de dezembro de 2023 – Data limite para inscrição de participantes com propostas aceites (participantes não inscritos/as nesta data não serão incluídos/as do programa do Congresso).
Valores de inscrição
Valores de inscrição |
Early bird (até 11 de dezembro de 2023) |
Após dia 11 de dezembro de 2023 |
Normal |
250 € |
300 € |
Estudante |
90 € |
140 € |
Países de baixos rendimentos e rendimentos médios-baixos |
170 € |
220 € |
Tarifa de 1 dia | 100 € | 100 € |
Plataforma para submissão de propostas disponível aqui.
Local do evento:
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa
Rua Almerindo Lessa, 1300-663 Lisboa
Questões adicionais:
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